Precisava colocar pra fora pensamentos que me aflingiam, mesmo que fosse pra ninguém ler. Então, criei esse blog. Se você está lendo, entenda que as coisas escritas aqui são pessoais e refletem a minha visão do mundo e o que eu sinto. Saiba que por mais escuro que tudo isso pareça, as coisas não precisam ser assim para você. Sofro com crises depressivas e de ansiedade, as vezes tudo parece muito escuro pra mim, e pra que essa escuridão que me agoniza cesse, preciso colocar pra fora o que penso, e olhar pra tudo isso na perspectiva de outro.

Começarei por hoje.
Sonhei com um colega falecido. Suicídio. Logo acordei mal, me levantei da cama apenas pra por o lixo pra fora e comer, voltei e não pude deixar de pensar sobre ele.
Foi meu crush por tantos anos, e fomos amigos pelo mesmo tempo. Talvez por isso tive um crush nele, era uma pessoa que me tratava bem apesar das minhas esquisitices, e além disso tínhamos gostos em comum. Infelizmente sou homem, e ele era hetero. A velha história do gay/bi que se apaixona por hetero. E ainda tinha uma namorada, que também era minha amiga, ou seja, eu estava duplamente errado, ele era hetero e comprometido.
Fisicamente ele não fugia do comum, éramos até parecidos um com o outro. Ele mais bem "ajeitado", porém mais baixo do que eu. Tínhamos o mesmo tom de pele, e os mesmos traços em proporções diferentes. Hoje percebo que via nele uma versão melhor de mim. Éramos ambos calados e tímidos, mas ele se forçava a ser mais sociável, e por isso se dava bem com todo mundo. Aparentemente vivia uma vida extremamente feliz, tanto no amor, quanto profissionalmente. Era inteligente e educado além do mínimo.
E mesmo assim, parece que não era feliz.
O que me traz mais aflição é saber que eu também não sou. Será que sou o crush de alguém como ele era pra mim, e mesmo assim me jogo tão pra baixo a ponto de ter esse tipo de pensamentos?
Lembrar da morte dele me traz tantas dúvidas e uma ponta de culpa, de não ter conversado com ele antes. No fundo eu insisto em dizer a mim mesmo que eu sabia, que eu imaginava, e que eu poderia ter mudado tudo.  Já pensei que se eu tivesse contado pra ele sobre a minha sexualidade, e sobre como isso na época deixava minha cabeça em turbilhão de pensamentos negativos ele talvez se identificaria de alguma forma, e veria que não está sozinho.
Hoje foi a primeira vez que eu pensei em me matar, e não senti medo como antes. Antes me sentia com medo da dor e da angústia, era o que me impedia, mas dessa vez não senti nada, até considerei, mas foi como se eu estivesse anestesiado. Não o fiz, mas tenho medo que aconteça algum dia. Sempre me perguntei como ele conseguiu derrubar essa barreira do medo, e hoje entendi que ela cai sozinha a partir do momento que o escuro parece tomar todos os feixes de luz no fim dos túneis. Achava que o medo nunca me abandonaria, que eu era medroso demais pra de fato fazer alguma coisa, mas parece que não.
Enfim, hoje foi um dia especialmente escuro, sem nem um fio de luz. Até mesmo as pessoas que me colocavam pra cima parecem ter me abandonado, seguiram suas vidas e não tem mas tempo pras minhas bobagens, por isso resolvi escrever, na esperança que a minha angústia passasse.
Mas amanhã, como muitas outras vezes, as coisas amanhecerão diferentes, e tomara que um raio de luz adentre toda essa minha escuridão. Não vou desistir, já passei por situações parecidas antes e sei que as coisas melhoram as vezes, pioram em outras. Eu só preciso esperar.



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